Sou
- Sandra Subtil
- Portalegre, Portugal
- "Sonho que sou alguém cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a Terra anda curvada! E quando mais no céu eu vou sonhando, E quanto mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho...E não sou nada!..." Florbela Espanca
sábado, 30 de junho de 2012
Cidade Nua
Foto retirada da net
A cidade continua nua
As suas vestes rasgaram-se com o rigor dos invernos
E os pedaços de trapo que sobraram desfizeram-se
Sob o ácido do sol nos dias quentes de verão.
Procuro ainda marcas da Primavera que gravavas em cada rua
Mas nada sobejou.
As estátuas permanecem sem vida
à espera do calor do teu olhar...
Nesta cidade me perco
Apenas sentindo o seco estalido
Das folhas que meus pés errantes pisam sem ouvir.
(reeditado)
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Nunca saberás...
Imagem retirada da net
Do fogo que me queima
Do vento que me acalma
Da água que me nutre
Nunca saberás…
A dor que calo em mim
Os sonhos que adormeço
Os medos que embalo
Nunca saberás…
As emoções que alimento
Os desejos que enfrento
Os prazeres que sacio
Nunca saberás…
Nunca saberás porque apenas me olhas.
Olhas-me e não me vês.
Fecha as tuas pálpebras , amor
e deixa-te levar pelos faróis
da alma,
Esses que conduzem o ser ao porto seguro da vida.
Aí sim, me verás.
Verdadeira.
Nua.
Tua.
terça-feira, 12 de junho de 2012
Viver (?)
Imagem retirada da net
Por entre vielas nuas,
cruas,
sós,
rasteja a sua dor
como animal enjaulado.
Olhares de desdém rasgam-lhe a pele.
A indiferença fura-lhe as entranhas.
Transpira tristeza pelos poros sujos de desilusão.
Inspira amargura até ao ínfimo dos alvéolos que insuflam de miséria e solidão.
Existir assim, será viver?
sábado, 2 de junho de 2012
sabores
Hoje ao comer chocolate lembrei-me de ti.
Não pelo amargo/doce derretendo na minha língua.
Não pelo cheiro exótico afagando as narinas.
Não pela suave textura brincando com o palato.
Não pelo gosto de quero mais na minha boca.
Hoje ao comer chocolate
Lembrei-me do brilho que dava cor aos teus olhos;
Do sorriso que te iluminava a pele escura quando chegavas tarde na noite
Com o mundo nos ombros e a doçura nas mãos para me ofertar.
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