"Sonho que sou alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!
E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quanto mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho...E não sou nada!..."
Florbela Espanca
Na hora em que as bocas se unem No minuto em que as línguas se tocam O coração pára por um segundo. Estranhas as sensações sempre novas e sumarentas Que me invadem numa inaudível explosão. Os teus olhos têm o brilho de pólvora E é neles que me perco por tempo indefinido Até que o rastilho preso entre os teus dedos De novo se acenda E o mundo se desfaça em estilhaços de dor e prazer. in Erotismus, Impulsos e Apelos
Chovem os meus olhos Nas madrugadas tristes e frias. Rios transbordantes de águas fecundas de solidão. Chovem os meus olhos Nas manhãs salpicadas de rubro Quando a secura da saudade Geme dilacerante no peito. Chovem os meus olhos Nas noites amadurecidas, perdidas Dolorosamente sentidas. Chovem os meus olhos Por entre o nevoeiro denso de mim. Chovem. Bátegas salgadas por ti.