Sou

A minha foto
Portalegre, Portugal
"Sonho que sou alguém cá neste mundo... Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a Terra anda curvada! E quando mais no céu eu vou sonhando, E quanto mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho...E não sou nada!..." Florbela Espanca

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Inspiração...



Foto de Fernando Batista
http://olhares.aeiou.pt/febat
http://www.fbatistaphoto.smugmug.com


Não sei se és raio de sol ou pingo de chuva
Se és maldição, martírio ou bênção que me escolheu.
Não sei se és sopro de anjo,
suspiro de demónio,
brilho de lua
ou embalo das mãos de Morfeu.
Que força esta que sinto
Quando me sussurras ao ouvido 
As palavras que hei-de pintar no papel?
És luz ou escuridão?
Sal, pimenta, chocolate ou mel?
És tempestade, avalanche
Ou calmaria e bonança?
És refúgio, porto de abrigo
Ou riso fresco de criança?
Não sei.
Não sei o que és, de onde vens
ou como chegas.
Sei que te sinto.
Que me és, que te sou
e por isso escrevo, grito, morro
no mar de emoções que em mim se gerou.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Os meus fantasmas...




Foto de Alberich  Mathews



Fecho os olhos num ápice.
Não quero vê-los.
Não consigo.
Sei que me tirarão o sono.
O seu olhar perseguirá os meus passos
E transformará as noites em pesadelos.
Cerro as pálpebras.
Não quero ver o seu negrume.
Tenho receio que me fira a íris
E nunca mais possa enxergar a cor da vida.
Sei que me rodeiam
Que vivem em mim.
Não os alimento,
não os acalento,
mas sinto-os ,
entranhados na pele,
arranhando a garganta,
corroendo as entranhas.
Quem ousa dizer ainda que os fantasmas não existem?




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Espelhos...






Foto Pull_Me_Under_by_YEGIN





Não me julgues pelo sorriso tímido
Há em mim uma força desmedida
(escondida)
Não me julgues pelo olhar frágil
Há em mim uma batalha constante
(oculta)
Não me julgues pelo andar pesado
Há em mim a leveza das nuvens
(disfarçada)
Não me julgues pelo corpo disforme
Há em mim a delicadeza das flores
(adormecida)
Não me julgues pelas palavras tristes
Há em mim uma alegria de vida
( contida)
Nada é o que parece.
Ninguém é o que se vê.
Atrás dos espelhos há sempre essência por revelar
Que por medo, cobardia, vergonha
ou pela simples condição humana
Vive hibernada à espera do sol chegar.




sábado, 16 de fevereiro de 2013

Pássaro azul...



Persegue o cheiro a jasmim que exala dos longos cabelos.
Conhece de cor os seus passos.
Leves.
Compassados.
Como uma angelical melodia.
Alcança-a com os lábios.
Sente os dela nos seus.
Quentes.
Carnudos.
Como uma romã sumarenta e doce.
Despe-a com o olhar.
Nos ombros beija a ternura
E nos seios suga a vida palpitante de emoção que aí se aninha.
Afaga a meiguice das ancas.
Rende-se à força húmida das coxas.
Entra nela com a suavidade de uma manhã de primavera.
Os raios de sol aquecem o quarto.
Os sentidos aquecem os corpos.
E ainda duvidas que há pássaros azuis?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

E tudo geme...

Foto de Noell S. Oszvald



Noites sem fim em que os cansaços ressoam.
Ficam suspensos os sonhos que alimentaste com sal e dor.
Acreditaste um dia que o céu era azul 
e hoje apenas sentes as asas dos corvos, 
cobrindo com seu manto negro, 
o safira celeste da vida.
Dias sem fim em que os silêncios ecoam .
E os  corpos esconsos, 
desidratados de esperança,
calcorream as calçadas
à procura de resquícios de fé que os impeçam de desistir.
Até quando o negrume nos roerá os ossos?
E tudo geme...
E tudo sofre.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A morte dos lírios...




Foto de © Mikael Sundberg



Gemem os lírios,
murchos,
exauridos.
Já não têm cor para emprestar à vida.
Alguém roubou o seu perfume.

Olham-se em espelhos de águas límpidas
Mas a sua imagem está coberta por véus enrugados de cansaço.
Já não se reconhecem.
Onde está o vigor d'outrora?
Porque não conseguem embelezar o mundo como sempre fizeram?
O sol beija-lhes a face descolorida.
Borboletas beliscam os seus  lábios
Numa vã tentativa de os devolver à Natureza.
Luta inglória...
Calai-vos aves!
Chorai nuvens que morreram os lírios.





terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Expansão de mim...


Foto de Matthieu Girard


Toda a vida atravessei correntes de sentimentos
Numa luta feroz entre razão e coração.
Entre ser e não ser
Entre dia e noite.

Sem mapas,
sem bússolas,
sem Norte.
Naveguei à bolina
mas nunca desisti.
Hasteei bandeiras em altos mastros de emoção.
Fui astrolábio de sensações na caravela da vida.
Atraquei  por fim no outro lado,
na outra margem de mim.
Ancorei no porto seguro do amor
e segui a estrela polar dos teus olhos.